Desde os 18 anos, Aretha Franklin passou a ser conhecida por um título que faz jus a ela dali em diante: A Rainha do Soul. Sua voz foi tão marcante que, em 1985, o governo do estado de Michigan considerou-a um recurso natural oficial. Ela não apenas tinha uma extensão gigantesca – quase quatro oitavas – e um timbre único, como possuía o poder de transmitir sinceridade e arrepiar o público com a força de suas canções de protesto, baladas românticas ou hinos religiosos.
Era uma intérprete estrondosa, que sempre foi além de atributos físicos ou técnicos, mas ultrapassava barreiras metafísicas, rompendo fronteiras entre gêneros musicais que reproduziam a segregação racial prevalecente na sociedade norte-americana na época, como no soul, rock, ópera, country, jazz, R&B e gospel.
A primeira mulher a receber uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood (1979), a ser incluída no Rock and Roll Hall of Fame e detentora de 18 prêmios Grammy continuou cantando até o fim de sua vida. Sete anos atrás, no dia de hoje (07), Aretha fez a sua última apresentação na gala anual da Elton John AID’s Foundation, aos 76 anos.
E, apesar de todos os problemas de saúde que a estrela teve ao longo de sua vida – desde alcoolismo até um câncer de pâncreas, diagnosticado em 2010 –, o poder de sua voz permaneceu gigantesco nesta apresentação. Era como se sua habilidade de cantar fosse milagrosa, glamourosa como suas belíssimas vestimentas naquele dia – um vestido de brilhante e um xale de pele branca, que cobria os seus ombros.
Na ocasião, a diva do soul optou por fazer um medley com os seus maiores hits, inclusive, “I Say A Little Prayer”. Confira a performance emocionante da cantora:
Infelizmente, nove meses depois, Franklin faleceu devido a um câncer de pâncreas, contra o qual lutou corajosamente por quase dez anos. Elton John sentiu-se profundamente honrado por ela ter encontrado forças para se apresentar em seu evento beneficente e, no dia de sua partida, fez um tributo ao seu talento incomparável, por meio de uma dedicatória à artista em seu perfil no Instagram, lembrando uma habilidade pela qual ela não era tão conhecida – o piano.
“A perda de Aretha Franklin é um golpe para todos que amam música de verdade: música do coração, da alma e da Igreja. Sua voz era única, sua execução de piano subestimada – ela era uma das minhas pianistas favoritas”, escreveu John.
“Tive a sorte de passar um tempo com ela e testemunhar sua última apresentação – um evento beneficente para a Elton John AIDS Foundation na Catedral de St. John The Divine”, continuou. “Ela estava obviamente doente, e eu não tinha certeza se ela conseguiria se apresentar. Mas Aretha conseguiu e ela levantou o teto. Ela cantou e tocou magnificamente, e todos nós choramos. Estávamos testemunhando a maior artista soul de todos os tempos. Eu a adorava e venerava seu talento”, finalizou.
Elton tinha toda a razão: a performance final de Aretha foi comovente e poderosa, reafirmando seu status incontestável como a “Rainha do Soul” até seu último momento nos palcos.
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