Por Mike Stone e Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) – O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, permitirá que a Ucrânia utilize armas fornecidas pelos Estados Unidos para ataques dentro do território russo, disseram três fontes com conhecimento do assunto, uma mudança significativa da política de Washington no conflito entre Ucrânia e Rússia.
A Ucrânia planeja conduzir seu primeiro ataque de longo alcance nos próximos dias, afirmaram as fontes, sem revelar detalhes devido a preocupações com a segurança operacional.
A Casa Branca se recusou a comentar.
A decisão dos EUA, dois meses antes da posse do presidente eleito, Donald Trump, em 20 de janeiro, foi tomada após meses de pedidos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, por permissão para que o Exército da Ucrânia utilizasse armas norte-americanas para atingir alvos militares russos longe da fronteira.
A mudança de posição acontece depois da Rússia mobilizar tropas terrestres norte-coreanas para complementar suas próprias forças, o que causou alarme em Washington e em Kiev.
Os primeiros ataques de longo alcance provavelmente serão realizados com foguetes ATACMS, que chegam a 306 quilômetros de distância, segundo as fontes.
Embora algumas autoridades dos EUA tenham expressado ceticismo de que permitir ataques de longo alcance possa mudar a trajetória geral da guerra, a decisão pode ajudar a Ucrânia em um momento em que as forças russas estão obtendo ganhos e pode colocar Kiev em uma posição de negociação melhor quando, e se, houver negociações por um cessar-fogo.
Não está claro se Trump reverterá a decisão de Biden quando assumir o cargo. Trump há muito tempo critica a magnitude do auxílio financeiro e militar dos EUA à Ucrânia e tem prometido encerrar a guerra rapidamente, sem explicar como.
Ainda assim, alguns republicanos do Congresso pediram que Biden afrouxasse as regras sobre como a Ucrânia poderia utilizar armas fornecidas pelos EUA.
A Rússia alertou que veria uma decisão de afrouxar os limites do uso de armas norte-americanas pela Ucrânia como uma grande escalada do conflito.
(Reportagem de Mike Stone e Humeyra Pamuk em Washington)