Por Maya Gebeily e Milan Pavicic
BEIRUTE (Reuters) – A campanha militar de Israel no sul do Líbano causou grande destruição em mais de uma dúzia de cidades e vilarejos fronteiriços, reduzindo muitos deles a aglomerados de crateras cinzentas, de acordo com imagens de satélite fornecidas à Reuters pela Planet Labs Inc.
Muitas das cidades, esvaziadas de seus moradores pelos bombardeios, eram habitadas há pelo menos dois séculos. As imagens analisadas incluem cidades como Kfarkela, no sudeste do Líbano, passando ao sul por Meiss al-Jabal, e depois a oeste por uma base usada pelas forças de paz da ONU, até o pequeno vilarejo de Labbouneh.
‘Há belas casas antigas, com centenas de anos. Milhares de projéteis de artilharia atingiram a cidade, centenas de ataques aéreos’, disse Abdulmonem Choukeir, prefeito de Meiss al-Jabal, um dos vilarejos atingidos pelos ataques israelenses.
‘Quem sabe o que ainda estará de pé no final?’, acrescentou.
A Reuters comparou imagens de satélite feitas em outubro de 2023 com registros de setembro e outubro de 2024. Muitos dos vilarejos que sofreram danos visíveis ao longo do último mês ficam no topo de colinas com vista para Israel.
Depois de quase um ano de troca de ataques pela fronteira, Israel intensificou suas ações no Líbano no último mês. Tropas israelenses realizaram incursões terrestres ao longo da fronteira montanhosa com o Líbano, entrando em confrontos pesados com combatentes do Hezbollah em algumas cidades.
A unidade de gerenciamento de risco de desastres do Líbano, que rastreia tanto as vítimas quanto os ataques a cidades específicas, disse que as 14 cidades analisadas pela Reuters foram alvo de um total de 3.809 ataques de Israel no último ano.
O Exército de Israel não respondeu, em um primeiro momento, a perguntas da Reuters sobre a escala de destruição. O porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, disse em 24 de outubro que Israel atingiu mais de 3.200 alvos no sul do Líbano.
Os militares afirmam que estão atacando cidades no sul do Líbano porque o Hezbollah transformou ‘vilarejos civis em zonas de combate fortificadas’, escondendo armas, explosivos e veículos nesses locais. O Hezbollah nega o uso de infraestrutura civil para lançar ataques ou armazenar armas, e os moradores das cidades negam a afirmação.
Uma pessoa com conhecimento das operações militares de Israel no Líbano disse à Reuters que as tropas estavam atacando sistematicamente cidades com pontos de observação estratégicos, incluindo Mhaibib.
A pessoa disse que Israel ‘aprendeu lições’ após sua última guerra com o Hezbollah em 2006, incluindo incidentes em que as tropas que faziam incursões terrestres nos vales do sul do Líbano foram atacadas por combatentes do Hezbollah no topo das colinas.
‘É por isso que eles estão atacando tão fortemente esses vilarejos — para que possam se movimentar mais livremente’, disse a pessoa.
Pelo menos 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas pelos ataques de Israel e mais de 2.600 foram mortas no último ano — a grande maioria no último mês, segundo o governo do Líbano.
Hagari disse que o objetivo de Israel é ‘empurrar o Hezbollah para longe da fronteira, desmantelar suas capacidades e eliminar a ameaça aos residentes do norte’ de Israel.