Vídeo flagrou travesti assassinada brigando com ex-companheiro horas antes do crime.
Laila era uma pessoa em situação de rua, e se envolveu com o homem, que também estava em situação de rua e trabalhava como catador de lixo. Ela foi morta com um golpe na região do pescoço.
Sobre a violência contra pessoas trans, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que dialoga, constantemente, com órgãos aliados, como a Secretaria da Diversidade (Sediv), para reduzir a vulnerabilidade das pessoas trans e travestis no Ceará.
Travesti é assassinada espancada em Fortaleza. — Foto: Reprodução
“Para tanto, realiza o monitoramento, por meio da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), dos crimes contra esta população. Os indicadores são públicos e estão disponíveis no Painel Dinâmico, lançado em fevereiro de 2024. O monitoramento e a transparência possibilitam orientar as ações e investimentos realizados pelas Forças de Segurança do Ceará”, destacou o órgão.
“Entre os equipamentos disponíveis para o atendimento à população trans e travestis, a SSPDS pontua o funcionamento da Delegacia de Repressão aos Crimes por Descriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim), no bairro Papicu”, reforçou a Secretaria.
A SSPDS citou ainda a unidade especializada da Polícia Civil, que oferece atendimento humanizado às vítimas. “Já os crimes de violência doméstica e familiar contra mulheres trans e travestis podem ser registrados em qualquer uma das 10 delegacias de Defesa da Mulher (DDM) da PCCE”, explicou.
Por fim, a Pasta disse que a Polícia Militar conta com o Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac), que acompanha vítimas e familiares, por meio do Grupo de Apoio às Vítimas de Violência (GAVV). O acompanhamento é feito por tempo indeterminado, a partir da solicitação da vítima e familiares.
Dossiê da Antra
“O dossiê é uma denúncia gritante de que a sociedade tem falhado com a comunidade trans, que precisa assumir, portanto, compromisso na defesa da garantia da vida para nossa comunidade”, disse Bruna Benevides.
A presidente Bruna Benevides observa que os estados que possuem maior número de mortes são, geralmente, aqueles que possuem maior dificuldade de implementação de políticas públicas que assegurem direitos à comunidade trans e travesti.
“Geralmente vem de administrações que não têm dado a devida atenção a esses números”, alertou Bruna Benevides.
A presidente ainda destacou a importância de pensar uma política específica para enfrentar esses assassinatos. “Caso contrário, a resposta que fica dos estados é que eles não reconhecem este problema, não reconhecem os assassinatos de pessoas trans como algo importante e que, por consequência, faz com que eles não destinem recursos diversos”, reforçou.
Assassinatos de pessoas trans no Ceará
Fonte: Antra
Ações preventivas e educativas
O g1 questionou quais ações a Secretaria da Diversidade do Ceará (Sediv) tem feito para evitar a violência contra pessoas trans. Em nota, o órgão disse que, de janeiro de 2023 até dezembro de 2024, realizou, por meio do Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues (CERLGBT+), 4.033 atendimentos, dos quais 80% foram direcionados a 1.106 pessoas trans.
“O público predominante inclui mulheres trans, travestis e homens trans, majoritariamente jovens entre 18 e 24 anos, negras e em situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica”, disse o órgão. A maioria do público, inclusive, coincide com o perfil apontado pela Antra como o principal entre as vítimas.
O CERLGBT+ atua como uma porta de entrada para suporte psicossocial, jurídico e orientações específicas. As principais demandas incluem:
- Encaminhamentos para hormonioterapia;
- Apoio no processo de retificação de prenome e gênero;
- Encaminhamentos para equipamentos de proteção social e casas de acolhimento;
- Encaminhamentos para vagas afirmativas e cursos de qualificação profissional.
A Sediv realizou também oito Conferências Regionais LGBTI+, com mais de 800 participantes, elegendo 52 pessoas trans como delegadas. “Esses encontros reforçam o diálogo entre sociedade civil e governo, orientando políticas públicas inclusivas e a elaboração do Plano Estadual de Direitos Humanos e Cidadania LGBTI+”, comentou o órgão.
Capacitação e empregabilidade
Os desafios da inclusão no mercado de trabalho para pessoas trans
Desde 2023, a Secretaria promove cursos técnicos e profissionalizantes, formando mais de 100 pessoas trans em áreas como gastronomia e administração, em parceria com instituições como o SENAC. O Comitê de Empregabilidade e Empreendedorismo LGBTI+ articula ações para inserir pessoas trans no mercado de trabalho, incluindo iniciativas como o Projeto Empodera+ e o Projeto Transformar, voltados para inclusão socioeconômica e ressocialização desta população.
O órgão também destacou a entrega da Unidade Móvel Dandara Kettley, que ampliou o alcance do CERLGBT+, levando serviços especializados a regiões como o Cariri e municípios prioritários do Programa PreVio.
“Todos os profissionais da Sediv e do CERLGBT+ são LGBTI+ e recebem treinamento específico em direitos humanos e combate à transfobia. Casos de discriminação são tratados com rigor, seguindo protocolos de acolhimento, registro e encaminhamento jurídico e psicossocial”, destacou a Secretaria.
“A Sediv mantém parcerias com diversas secretarias e instituições, como a Defensoria Pública, para fortalecer políticas de saúde, educação e segurança voltadas à população trans. Iniciativas como o Painel Dinâmico de Monitoramento da Violência LGBTFóbica e campanhas educativas, como o Ceará da Diversidade contra LGBTfobia, ajudam a identificar demandas e promover ações efetivas”, complementou.
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