Médicos do Departamento de Andrologia, Reprodução e Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) desmentem as alegações falsas e apontam a melhor conduta a ser adotada diante de publicações desse tipo. É #FAKE que spray de alga previna ou trate disfunção erétil
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Circula nas redes sociais uma publicação que imita a página do g1 com o título “Revolucionário: sexóloga aprova spray de alga pra tratar disfunção erétil e ameaça quebrar indústria farmacêutica”. É #FAKE.
g1
Leia, abaixo, sobre os seguintes tópicos (clique para navegar pela página):
O que diz a publicação mentirosa
Fato ou Fake: a checagem passo a passo
Recomendações médicas sobre disfunção erétil
Cuidado com soluções milagrosas
O que diz publicação mentirosa
▶️ Sobre a aplicação do spray, um dos trechos do conteúdo enganoso afirma: “E com um modo de usar super simples: apenas aplicar 5 jatos (1ml) sobre a língua 1x por dia ou conforme a orientação de um profissional habilitado”.
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Fato ou Fake: a checagem passo a passo
▶️ O g1 nunca publicou uma reportagem com esse título ou esse conteúdo. A página é uma montagem fraudulenta. Erros gramaticais e de padrão, que são comuns em mensagens falsas, denunciam a fraude.
▶️ O link da publicação falsa (https://noticiasdesaude.net/vtril/) é diferente do link autêntico do g1 (https://g1.globo.com/).
▶️ O Fato ou Fake mostrou a mensagem falsa a médicos do Departamento de Andrologia, Reprodução e Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Eles desmentiram a publicação e apontaram a melhor conduta a ser adotada diante de conteúdos desse tipo.
▶️ Também alertaram que a disfunção erétil é um tema sensível, diante do qual muitas pessoas buscam soluções rápidas, definitivas e milagrosas, que podem representar riscos à saúde.
▶️ O médico Leonardo Messina, que faz parte do departamento da SBU, afirma que o produto mencionado na mensagem falsa, chamado Viritril, não é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Ele [o produto] é classificado como suplemento alimentar, e suplementos não podem fazer alegações terapêuticas, como o tratamento de doenças, incluindo a disfunção erétil. De acordo com as Resoluções RDC Anvisa nº 27/2010 e nº 240/2018, suplementos alimentares estão isentos de registro na Anvisa, desde que cumpram os requisitos estabelecidos nessas normas”, explica Messina.
▶️ A Anvisa informou, por meio da assessoria de imprensa, que o alegado medicamento não está registrado na agência e, portanto, é ilegal.
▶️ Questionado se os componentes mencionados na mensagem falsa (bisglicinato de magnésio, arginina, zinco, trigonella foenum e oryza sativa) podem reverter a disfunção erétil, Messina afirma que estudos científicos não comprovaram que essas substâncias – usadas isoladamente ou de modo combinado – podem promover uma ereção.
▶️ Ele alerta ainda que tratamentos não regulamentados e produtos sem eficácia científica comprovada devem ser evitados, pois podem causar efeitos colaterais não previstos.
▶️ O médico Tiago Mierzwa, também da SBU, complementa: “Dada a ausência de evidências científicas robustas que sustentem sua eficácia, essa combinação não representa uma solução adequada para o problema”.
“O tratamento da disfunção erétil deve ser individualizado e realizado sob a orientação de um urologista especializado, que poderá recomendar as opções terapêuticas mais eficazes e comprovadas para cada caso.”
▶️ Além disso, Mierzwa reitera que não há um spray sublingual específico e aprovado pelas principais autoridades de saúde (como a Anvisa), e validado pela SBU, para o tratamento da disfunção erétil.
▶️ O médico Giuliano Aita, da SBU, diz não haver um avanço recente ou promissor no tratamento da disfunção erétil utilizando substâncias naturais, como compostos à base de algas.
▶️ De acordo com ele, existe um interesse crescente na utilização de substâncias naturais para melhorar o desempenho sexual ou mesmo para o tratamento da disfunção erétil.
“Embora existam também pesquisas que avaliam o nível de evidência científica de plantas medicinais específicas para melhoria do desempenho sexual, algumas com resultados encorajadores, até o presente momento não há um tratamento fundamentado em substâncias naturais comprovadamente eficaz para a disfunção erétil”, esclarece.
▶️ Segundo Aita, mesmo a aplicação de substâncias naturais requer cuidados e supervisão médica:
“Há uma crença de que o uso de substâncias naturais seja isento de riscos e contribua para a saúde de forma geral. O uso dessas substâncias, especialmente após manipulações na forma de extrato, cápsulas e associação com outros constituintes traz a possibilidade de efeitos adversos e de interações com medicamentos usados para condições de saúde pré-existentes”.
▶️ O Fato ou Fake enviou um e-mail para o endereço que aparece no site que vende o spray Viritril, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
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Recomendações médicas sobre disfunção erétil
▶️ Para prevenir a disfunção erétil, o médico Giuliano Aita diz ser importante:
Parar de fumar.
Praticar exercícios regularmente, especialmente para homens que têm um estilo de vida sedentário.
Controlar o peso – a perda de peso em homens obesos com disfunção erétil pode levar a melhorias significativas na função erétil.
Adotar uma alimentação saudável e a reduzir a ingestão calórica – isso pode ajudar a melhorar a função erétil, especialmente em homens com síndrome metabólica.
Gerenciar comorbidades – o tratamento adequado de condições como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares é fundamental, já que elas estão associadas a um risco maior de disfunção erétil.
Cuidar da saúde mental, com atenção aos níveis de estresse, à ansiedade e à depressão.
Não utilizar esteroides anabolizantes – o mau uso de testosterona e o uso dos anabolizantes impacta negativamente a produção natural de testosterona e aumenta o risco de problemas de ereção no período pós-ciclo.
“Essas mudanças no estilo de vida podem não apenas prevenir a disfunção erétil, mas também melhoram a saúde em geral. O tratamento da disfunção erétil inclui o uso de medicamentos, procedimentos médicos e/ou terapia psicológica, dependendo da causa do problema. É importante consultar um urologista para uma avaliação e orientações personalizadas”, recomenda o médico.
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Cuidado com ‘soluções milagrosas’
▶️ Aita e o colega Dimas Antunes falaram sobre o que o consumidor deve fazer ao se deparar com conteúdos como o da publicação falsa.
▶️ É preciso ter cuidado ao se deparar com terapias ou produtos que prometem resultados instantâneos. Antes de investir em falsos tratamentos e de colocar a saúde em risco, o consumidor deve se precaver para fazer escolhas seguras e eficazes:
Busque fontes confiáveis. Antes de pagar por qualquer tratamento, consulte fontes sérias e reconhecidas. Boas referências são os sites e redes sociais de entidades como a própria SBU; a Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual (ABEMSS); e a Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM, na sigla original, em inglês). Essas instituições divulgam informações baseadas em evidências científicas e podem orientar sobre a eficácia e segurança de tratamentos.
Converse com um médico especialista. Um urologista certificado pela SBU é o profissional mais indicado para avaliar a condição do paciente e indicar o melhor tratamento. Somente um médico pode identificar se há espaço para o uso de determinadas terapias e como elas devem ser aplicadas com segurança.
Cuidado com promessas milagrosas. Desconfie de produtos ou tratamentos que garantem “resultados rápidos”, “cura definitiva” ou benefícios milagrosos. Promessas exageradas muitas vezes indicam falta de embasamento científico ou práticas enganosas.
Avalie depoimentos com olhar crítico. Comentários e relatos de outros usuários podem ser tendenciosos e não reais. Além disso, nem sempre a experiência de uma pessoa se aplica a outra.
Verifique aprovações regulatórias. Antes de usar qualquer medicamento ou terapia, certifique-se de que se trata de algo aprovado por órgãos reguladores, como a Anvisa. Isso garante que o produto passou por testes rigorosos e atende aos padrões de segurança e eficácia.
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É #FAKE que spray de alga previna ou trate disfunção erétil
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