Maior hospital gerido pela Prefeitura de Fortaleza, o IJF é referência em traumatologia. Atualmente, cerca de 4 mil profissionais de saúde trabalham no local, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço de Saúde de Fortaleza (Sintsaf).
De acordo com os servidores do local, além da má qualidade dos alimentos disponibilizados no refeitório e da quantidade insuficiente, também estaria ocorrendo um atraso na hora de servir as refeições.
“Eu nunca vi o IJF numa situação tão difícil. Os profissionais do IJF hoje estão trabalhando em um stress enorme, estão adoecendo, e quando chega na hora das refeições, é feijão com repolho, arroz com ovo, às vezes nem tem. É muito ruim. As refeições são insuficientes e tão atrasando. Às vezes era 11h30 e já começava a liberar o almoço. Hoje às vezes chegam 13 horas, 14 horas”, afirma Plácido Filho, presidente do Sintsaf.
Profissionais denunciam alimentação oferecida no IJF, em Fortaleza
“A situação está bem precária. Eu recebi receita para comprar medicamento, porque aqui está faltando. Está faltando fraldas também. A equipe médica está disposta a ajudar, mas medicamento não tem. A família que tem que custear todas as despesas”, disse um acompanhante em entrevista à TV Verdes Mares.
Ele reclamou também que tem dormido em cima de um papelão para conseguir passar a noite com o parente que está internado. Outra acompanhante também apontou outros problemas no hospital.
“Não tem gaze, esparadrapo, ataduras. Ontem, a janta deles [pacientes] foi ovo. A situação está precária. A única medicação que tem é dipirona”, lamentou a mulher, que estava acompanhando um irmão, vítima de um acidente de trânsito.
Funcionários e pacientes do IJF reclamam da qualidade das refeições servidas no hospital — Foto: Reprodução
Em nota, a direção do IJF informou que o contrato com a fornecedora de alimentação foi regularizado, mas não informou o que causou os problemas.
“Diariamente, são fornecidas cerca de 5 mil refeições aos pacientes, acompanhantes e profissionais em plantão no hospital. Essas refeições incluem café da manhã, almoço, lanche e jantar, sendo todas orientadas e acompanhadas por nutricionistas”, destacou o hospital.
O grupo, composto pela Secretaria da Saúde, da Secretaria de Finanças, da Secretaria de Governo e da Procuradoria Geral do Município, vai assumir temporariamente a gestão da unidade, “dando todo o suporte e agilidade aos processos de compras e pagamentos da instituição”, conforme o prefeito.
Salários atrasados
Edmar Fernandes, vice-presidente do Sindicato dos Médicos, falou que, além da falta de insumos para atender os pacientes, os profissionais de saúde que trabalham no IJF estão trabalhando sem receber salário.
Os funcionários, inclusive, decidiram paralisar as atividades. “Além de ter pacientes que estão precisando, urgente, de fazer essas cirurgias, os profissionais ficam vendo os pacientes piorando, na frente deles, sem poder fazer nada”, denunciou.
“A gente precisa ter uma gestão responsável do hospital. É preciso dar condições de atender os pacientes; medicamento, material para fazer cirurgias. E é preciso honrar o salário desses profissionais. É o mínimo que a gente precisa respeitar”, declarou o representante sindical.
74% dos medicamentos em falta
No começo de novembro, o Ministério Público do Ceará ingressou com Ação Civil Pública (ACP), para tentar garantir o abastecimento, em quantidade suficiente e adequada, de todas as medicações e insumos obrigatórios e essenciais para o funcionamento do hospital.
Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza — Foto: Darley Melo/ SVM
Foram notificados a Prefeitura de Fortaleza, a Secretaria de Saúde do Município e o Instituto Dr. José Frota (IJF), além do prefeito José Sarto (PDT), do secretário de saúde de Fortaleza, Galeno Taumaturgo, e do superintendente do IJF, José Maria Sampaio Menezes Junior.
O MP do Ceará acionou a Justiça após receber várias denúncias e ter tomado conhecimento de que 279 dos 375 medicamentos estariam com estoque zerado, o que representa 74,40% em falta do acervo da farmácia do IJF.
Já em relação a insumos médicos, como agulhas, sondas, drenos, fios de sutura, entre outros, 263 dos 513 itens estariam em falta, o que representa 51,26% do estoque.
Na ação, o MP do Ceará pediu que, no prazo de dez dias, fosse providenciado o abastecimento dos medicamentos e insumos necessários, sob pena de bloqueio de contas da Prefeitura de Fortaleza, além de aplicação de multa diária e pessoal aos gestores do Município, da Secretaria da Saúde e do IJF.
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