Doar sangue pode salvar vidas em situações de emergência. É a utilidade mais evidente da doação. Mas não a única.
Seu Fábio doou sangue por mais de quatro décadas. Aos 94 anos, se orgulha em saber que a filha e a neta herdaram essa preocupação.
“Fico muito feliz porque elas têm a parte humana delas, que faz isso: cuidar de quem precisa”, diz o idoso de 94 anos.
“Dizem que o exemplo que arrasta, então ele começou e a gente continua”, diz a filha Roberta Medeiros Diniz.
Uma única bolsa de sangue pode salvar a vida de até quatro pessoas que precisam de uma transfusão de sangue. Mas não é só isso.
Cada bolsinha tem outros componentes que podem ser utilizados para tratar diversas doenças. O plasma é um deles. Quando não é aproveitado em uma transfusão, ele vai para a indústria e vira remédio. São os chamados hemoderivados.
O plasma compõe mais da metade do sangue. É uma mistura de água, açúcares e sais minerais.
Cerca de 15% são utilizados para transfusão. O excedente é destinado para a indústria.
“O que a indústria faz é um processamento desse plasma, extraindo dele as suas proteínas, de modo que a gente pode usar esses produtos em pacientes que têm algumas deficiências de determinadas proteínas”, diz Fabiana Chagas Camargos, médica diretora técnico-científica da Fundação Hemominas.
A transformação do plasma em medicamento é responsabilidade da Hemobras, indústria farmacêutica vinculada ao Ministério da Saúde.
De janeiro a outubro, a unidade coletou mais de 160 mil litros de plasma — 7% acima do registrado em todo o ano passado.
A produção dos remédios é dividida em duas partes: uma na Hemobras e a outra em três laboratórios credenciados na Europa.
- Albumina – Para o tratamento de queimaduras, hemorragias graves e cirurgias cardíacas.
- Imunoglobulina – Usada por pacientes com problemas imunológicos e doenças inflamatórias.
- Fator VIII de coagulação e Fator IX de coagulação – Fundamentais para hemofílicos.
Depois, os medicamentos voltam para o Brasil e são distribuídos, de graça, pelo SUS.
O Felipe é hemofílico e depende da medicação produzida a partir do plasma para ter qualidade de vida.
“Uma proteção para que eu não tenha hemorragias. Doar sangue é um ato altruísta, de amor, e que salva muitas vidas”, diz o farmacêutico Felipe Brito