A investigação, classificada de preliminar pelo MP, inclui também o suposto “delito de abandono do cargo”, informou o órgão judicial em comunicado na rede social X.
“Os fatos se referem à omissão de comunicar o impedimento temporário para o exercício do cargo de Presidente da República ao Conselho de Ministros e ao Congresso, de 29 de junho a 9 de julho, como consequência de um procedimento cirúrgico ao qual foi submetida”, assinalou o MP.
A “investigação preliminar” significa que se trata de uma diligência urgente e prioritária, segundo as autoridades.
O caso, que tem risco potencial para derivar em um processo de impeachment, veio à tona na terça-feira, quando o ex-chefe de gabinete da presidente, Alberto Otárola, revelou perante uma comissão do Congresso que ela operou o nariz em julho de 2023.
“Me disse que ia fazer uma rinoplas… uma intervenção no nariz, mas por problemas de respiração”, disse Otárola, que tentou minimizar o episódio indicando que “não houve nenhuma ausência de poder nesse momento, porque o procedimento cirúrgico não teve maiores complicações”.
A cirurgia de Boluarte, de 62 anos, era a conversa diária nas redes sociais e na imprensa local desde o ano passado.
Na quarta-feira (4), o governo denunciou o que chamou de tentativas de “romper a ordem constitucional” a partir do Congresso e tachou Otárola de “desleal”. Boluarte o destituiu em março por um suposto escândalo sexual e tráfico de influência.
“Rejeitamos categoricamente qualquer afirmação que nos pretenda fazer acreditar que ela deixou o comando da Nação […] Ela sempre esteve à frente do Poder Executivo” durante a operação, disse na quarta-feira o chefe de gabinete Gustavo Adrianzén em meio a uma intensa polêmica.
A presidente, que carece de bancada própria e tem uma desaprovação de quase 95% nas pesquisas, aludiu indiretamente ao debate nesta quarta quando afirmou que “deixará o Palácio pela porta da frente”, quando concluir seu mandato em julho de 2026.
Segundo alguns parlamentares e juristas, Boluarte teria cometido uma infração constitucional, passível de ser submetida a um processo de destituição ou vacância de acordo com a Constituição.
Boluarte está há meses no fio da navalha por um escândalo que envolve relógios de luxo e a coloca na mira do Ministério Público, e pelo massacre de 50 civis na repressão aos protestos quando assumiu o poder em 2022.