Entender a obesidade como uma doença crônica e procurar orientação médica é parte do
processo. Arquivo pessoal
Quem já pensou em iniciar ou retomar uma jornada de perda de peso sabe o quanto é difícil ultrapassar a linha do pensamento. Em muitos casos, há uma longa distância entre o desejo de começar e realmente dar o primeiro passo. Muitos fatores explicam essa dificuldade, incluindo os estigmas que acompanham pessoas com obesidade ou sobrepeso1,2.
Seja qual for a razão, saber que a obesidade é uma doença crônica é um ponto crucial. O entendimento ajuda o paciente a compreender que precisa de tratamento e, portanto, pode e deve buscar ajuda médica para tratar de sintomas que vão além da gordura em excesso no corpo².
Foi o que aconteceu com Priscila Raabe, analista de comunicação de 30 anos, residente em Águas de Lindóia, no interior de São Paulo. Após diversas tentativas, a estudante de
jornalismo finalmente compreendeu que a questão do peso poderia estar associada a várias causas, e não apenas a fatores comportamentais.
“Comecei a entender a complexidade e ver a obesidade como uma doença multifatorial. Eu tinha uma visão muito simplista, achava que era só comida, que se comer menos, emagrece, e não é assim. O que virou a chave foi ter informação com pessoas que estavam dispostas a explicar isso”, relata.
Ela conta que engravidou muito jovem e, a partir da gestação, aos 15 anos, passou a ter mudanças no corpo e a “brigar” com a balança, chegando aos três dígitos durante a pandemia. A recente mudança de mentalidade tem sido primordial em sua caminhada. Antes, segundo ela, tudo era encarado como uma corrida, não como uma jornada.
“Ao longo da vida eu sempre tinha metas. Depois que mudei de mentalidade já estou com a obesidade controlada. Tive uma redução de 10% do peso, mas de uma forma mais leve. Estou com 93kg e tenho uma relação que nunca tive antes, um corpo que merece ser amado, cuidado”, conta.
A estudante mantém acompanhamento psicológico, atividade física regular e planeja retomar o acompanhamento nutricional. Já não sente dores no joelho e nas costas, que
atrapalhavam a rotina, e consegue pegar a estrada de moto, algo que não conseguia antes.
Para quem também pensa em iniciar uma jornada, ela dá um conselho a partir da própria experiência, cheia de desafios.
“Passei por profissionais que foram gordofóbicos e desisti algumas vezes. O que mudou foi encontrar lugares e pessoas que me mostraram do que meu corpo era capaz, que eu era capaz. Não desista no primeiro lugar ou profissional que não te tratar de forma acolhedora”, recomenda.
Médico como parceiro na jornada
A situação vivida por Priscila não é isolada. Em muitos casos, por receio de passar por julgamentos ou constrangimentos, pessoas que estão acima do peso adequado demoram ou sequer procuram ajuda médica. Não enxergar a condição como doença também ajuda a explicar a demora.
“Essa demora em procurar tratamento tem vários motivos, um deles é não encarar a obesidade como doença, esse é um grande problema. Outra questão é o estigma da obesidade. O paciente com obesidade tem medo de ser julgado, de ser condenado como culpado pela sua doença”, afirma a médica Renata Castro, cardiologista com pós-doutorado na Harvard Medical School e diretora médica da Ipanema Health Club.
Nesse contexto, a compreensão da obesidade como doença crônica é o ponto de partida. É ao entender isso que o paciente também compreende que precisa de parceiros para ajudá-lo nessa jornada.
“A obesidade é uma doença crônica de difícil controle, então, tirar a obesidade do senso de estética e passar para o quesito doença facilita muito para o tratamento adequado”, afirma Renata.
Assim como acontece com outras doenças crônicas, os cuidados devem ser contínuos. Isso inclui não apenas acompanhamento médico e de outros profissionais quando possível, mas mudanças no estilo de vida que também fazem parte do tratamento, como atividade física regular e modificações no padrão alimentar.
“A suspensão do tratamento vai fazer com que haja recidiva, no caso da obesidade, reganho de peso. Então, entender que a doença é crônica é um passo essencial para que possamos ter resultados a longo prazo e tratamento contínuo”, explica.
Calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) é uma forma de descobrir se você tem ou está perto de ter obesidade³. Para quem está classificado com sobrepeso ou obesidade, iniciar uma jornada de perda de peso vai além de melhorar os índices de massa corporal. Ao perder peso, as pessoas ganham saúde e qualidade de vida.
“No contexto do tratamento da obesidade, no início, a gente já percebe melhora da qualidade de vida, redução dos valores de pressão, melhor controle do diabetes, melhor controle do colesterol, redução do risco de doenças cardiovasculares como infarto, AVC, redução do risco da mortalidade, melhora da função renal, melhora de dores articulares, então, os benefícios são inúmeros, sem dúvida. Mas precisa começar”, destaca a médica, citando ainda a melhora da qualidade do sono e redução da apneia obstrutiva do sono.
Uma jornada constante
Quem tem obesidade vive uma jornada constante de controle de peso e busca pela saúde. Nesse processo, buscar conhecimento e ajuda médica é fundamental. Assista ao vídeo e inspire-se:
Meu peso, Minha Jornada
Acesse o site Meu peso, Minha Jornada para calcular seu IMC. Para iniciar uma jornada de controle de peso, clique em encontre um médico e agende uma consulta.
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Referências
1. World Health Organization (WHO) [Internet]. Obesity and overweight; [citado 12 ago 2024]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight
2. Fulton M, Dadana S, Srinivasan VN. Obesity, Stigma, and Discrimination. [Updated 2023 Oct 26]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554571/